O jornalismo brasileiro enfrenta um dilema marcado pela sua evolução ao digital e a dependência da publicidade para sua sustentabilidade. Tradicionalmente, os veículos de comunicação dependiam de fontes de receita próprias como as assinaturas, vendas avulsas e classificados, agora eles passam a competir por cliques e visualizações.
Jornalismo, um ecossistema em constante evolução
Para entender melhor o estilo de jornalismo atual, é necessário compreender as transformações que veículos e jornalistas sofreram ao longo do tempo. Podemos dividir o jornalismo em 3 grandes fases. A primeira foi o início da imprensa, em que os jornais eram mais formais e focados em divulgar notícias de caráter informativo e político, muitas vezes com uma postura mais passiva e governista.
A segunda grande fase do jornalismo brasileiro surgiu no início dos anos 50, com o avanço das tecnologias de impressão no país, que permitiram ampliar o número de jornais sendo vendidos diariamente. Nessa época, houve uma influência significativa da cultura norte-americana nas notícias veiculadas. O estilo watchdog, ou cão de guarda, foi fortemente adotado, e o jornalismo investigativo ganhou destaque, com os veículos desempenhando um papel mais ativo ao questionar autoridades e expor irregularidades.
Casos famosos como a cobertura do caso Watergate fizeram escola no Brasil, virando sinônimo de jornalismo sério. O que moldou toda uma nova geração de jornalistas e leitores. No Brasil, casos como o sequestro da linha 174, o caso Eloá e a cobertura da lava-jato representam bem esse tipo de jornalismo.
O jornalismo moderno brasileiro surgiu nos anos 50, com um movimento muito forte de transição. Saímos de um modelo mais solto e desordenado, com vários tipos de jornais, alguns vinculados a partidos políticos, outros de veia mais literária e outros de veia mais ativistas para um modelo mais empresarial de jornalismo. Ali se começa a estruturar uma indústria, indústria de mídia e do próprio jornalismo.
A terceira fase do jornalismo, mais recente e atual, foi a chegada de veículos de todos os tamanhos na era digital. A internet trouxe uma série de mudanças, permitindo a disseminação rápida de notícias e a interação direta com o público. No entanto, essa transformação digital trouxe desafios adicionais para a indústria jornalística. A dependência da publicidade como principal fonte de receita tornou-se mais evidente, uma vez que o modelo tradicional de assinaturas e vendas avulsas enfrentou dificuldades para competir com a gratuidade das informações na internet. Como resultado, os veículos passaram a buscar cliques e visualizações como forma de atrair Conteúdo + audiência + publicidade = Brand Safety
O termo brand safety, que representa um ambiente seguro para anunciar marcas, ganhou relevância na era digital, mas a busca por esses espaços sempre existiu. A análise criteriosa do contexto em que os anúncios são veiculados sempre foi uma prática importante para os compradores de mídia.
Com a evolução tecnológica, a análise se tornou mais sofisticada, permitindo a identificação e segmentação precisa de audiências. Nessa era digital de conteúdo abundante, o brand safety tornou-se fundamental para proteger a reputação das marcas e garantir que seus anúncios sejam exibidos em ambientes adequados, livre de conteúdos sobre violência, crimes e conteúdos sexuais.
Criar esses espaços seguros é crucial para a monetização do conteúdo, ao proporcionar confiança aos anunciantes de que suas mensagens serão entregues de maneira responsável e eficaz, fortalecendo a conexão com o público-alvo. Ao investir em brand safety, as empresas podem assegurar que suas campanhas de publicidade alcancem os consumidores certos, impulsionando o sucesso de suas estratégias de marketing e garantindo uma experiência positiva para os usuários.
Sua audiência é seu termômetro
Para conseguir conquistar melhores resultados, seja através do leilão programático ou da venda direta, é preciso entender com profundidade sua audiência. A publicidade só existe por causa do seu público, ele é o balizador de bons ou maus resultados.
Entretanto, é crucial separar a audiência do tráfego. Embora seja tentador considerar ambos como sinônimos, é fundamental entender a diferença entre eles. A audiência consiste nas pessoas que consomem regularmente os conteúdos produzidos pelo publisher, engajam com o material e o consideram como uma fonte relevante de informação. Já o tráfego refere-se aos usuários que acessam esporadicamente os conteúdos, muitas vezes por meio de buscas específicas ou de maneira ocasional.
Estamos tendo uma mudança no modelo de negócio, antigamente quem pagava o conteúdo era a publicidade através do anúncio. Hoje o anúncio requer sua própria produção de conteúdo, com nexo e conexão com o leitor.
Ao direcionar seus esforços para compreender a audiência e criar conteúdos relevantes para esse grupo específico, o publisher pode melhorar a qualidade dos acessos, aumentar a retenção de usuários e, consequentemente, aumentar sua receita por meio da monetização adequada dos conteúdos. A análise precisa da audiência e o planejamento estratégico são elementos-chave para o sucesso contínuo do publisher na era digital.
Seriedade, imparcialidade e pluralidade são fundamentais
Na construção do texto, é necessário fugir do jornalismo cão de guarda e entender que não existe jornalismo sério e jornalismo de amenidades. Cada história pode ter um impacto significativo nas vidas das pessoas ou na sociedade como um todo, e é responsabilidade do jornalista trazer uma abordagem imparcial, fundamentada em fatos e fontes confiáveis. Não deve haver distinção entre “jornalismo sério” e “jornalismo de amenidades”, pois ambos têm um lugar legítimo na disseminação de informações.
O “jornalismo sério” não se limita apenas a questões políticas, sociais ou econômicas; ele também pode abordar assuntos culturais, entretenimento e até mesmo eventos cotidianos, desde que siga padrões éticos e jornalísticos adequados. Cada conteúdo deve ser explorado com a mesma qualidade e técnica, buscando sempre a veracidade dos fatos, a objetividade e a imparcialidade na apresentação das informações.
A diversidade de assuntos e temas tratados no jornalismo é parte essencial da sua relevância e abrangência. A atuação ética, responsável e imparcial do jornalista é o que garante a credibilidade do veículo de comunicação e a confiança do público leitor. A liberdade de imprensa e o compromisso com a verdade são os pilares que sustentam o jornalismo sério e de qualidade, independentemente do tipo de notícia a ser veiculada.