As transformações no jornalismo dialogam diretamente com o fomento a uma cultura que envolva as práticas jornalísticas para a diversidade e promoção de debates e discussões sobre temas urgentes. Mais que uma demanda social, essa prática é confirmada como tendência inescapável.
O espaço para causas urgentes, envolve a adoção de medidas transformadoras, levando em consideração dados como os já levantados pela pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro de 2021. Entre mais de 7 mil profissionais, a falta de diversidade nas redações de veículos jornalísticos se reflete, por exemplo, no fato de apenas um terço dos profissionais nas redações serem negros.
No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, neste 3 de julho, gostaríamos de reforçar a importância da luta contínua contra o racismo em nossa sociedade.
Nesta data, relembramos a publicação da Lei Afonso Arinos (Lei nº 1.390/1951), considerado o primeiro dispositivo legal no Brasil contra o preconceito racial. Embora considerada insuficiente, na medida em que tratou o racismo e a discriminação como mera contravenção penal, a lei representa um marco na história do nosso país e é um lembrete: essa luta é de todas e todos nós. Uma luta também do jornalismo.
O jornalismo desempenha um papel essencial na formação de opiniões e na disseminação de informações. Portanto, é fundamental que a questão racial seja pautada de forma responsável e consciente, visando não apenas a denúncia de casos de racismo, mas também a promoção da diversidade como um pilar importante na comunicação e no trabalho jornalístico.
Veja indicações de como realizar essas transformações na prática de forma responsável e consciente:
1 Educação e Sensibilização
É essencial que os profissionais de jornalismo sejam educados e sensibilizados para as questões raciais. Isso pode ser alcançado através de treinamentos e workshops que abordem a história do racismo, suas manifestações contemporâneas e as maneiras de combatê-lo. Esses programas devem ser contínuos e atualizados regularmente para refletir as mudanças sociais e os novos desafios enfrentados pelas minorias raciais.
2 Representatividade
Representatividade importa. A diversidade nas redações e equipes de produção deve ser incentivada, garantindo que pessoas de diferentes raças, gêneros e origens possam contar suas próprias histórias e trazer perspectivas variadas. A inclusão de profissionais diversos contribui para uma cobertura mais justa e abrangente dos eventos e problemas sociais. Além disso, a diversidade no ambiente de trabalho fomenta um clima de inovação e empatia, essencial para a produção de conteúdo relevante e sensível.
3 Cobertura Responsável
A cobertura de assuntos relacionados ao racismo deve ser feita com responsabilidade, evitando estereótipos e generalizações que possam reforçar preconceitos. É necessário o espaço para as vítimas e especialistas, garantindo que suas experiências e conhecimentos sejam ouvidos e valorizados. Jornalistas devem ser treinados para identificar e questionar narrativas racistas e para promover um jornalismo que desafiador e conscientizador.
4 Promoção de Histórias Positivas
Além de denunciar o racismo, o jornalismo deve também promover histórias positivas, exaltando a resistência e sucesso de pessoas negras e de outras minorias raciais. Isso ajuda a combater narrativas negativas e a inspirar mudanças na sociedade. Histórias de conquistas e superações oferecem um contraponto necessário à cobertura das injustiças e podem servir de exemplo e inspiração para outras pessoas.
5 Políticas Internas
As organizações de mídia devem implementar e reforçar políticas internas de combate ao racismo e discriminação. Isso inclui a criação de canais seguros para denúncias, o acompanhamento de casos e a implementação de medidas corretivas quando necessário. As políticas devem ser claras e aplicadas de forma rigorosa para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todos.
No campo do jornalismo, é imprescindível que a diversidade e a igualdade sejam promovidas como pilares fundamentais, contribuindo para uma comunicação mais inclusiva, representativa e transformadora. Adotar essas práticas não só melhora a qualidade do jornalismo, mas também fortalece a confiança do público nas instituições de mídia, demonstrando um compromisso genuíno com a justiça social e a igualdade.