O GNI Startups Lab, iniciativa lançada no Brasil pelo Google, continua com a proposta de transformar o cenário do jornalismo digital no país. Com as eleições municipais se aproximando, o programa está com inscrições abertas com foco em startups que cobrem comunidades locais, atendendo às suas demandas de informação e facilitando o exercício da cidadania.
Serão selecionadas 15 startups que receberão apoio financeiro para se dedicarem integralmente às atividades do programa durante oito semanas. Ao final desta edição, as três que mais se destacarem serão premiadas com R$ 25.000,00 para impulsionar seus negócios.
Desde sua criação, o programa contabiliza a aceleração de mais de 40 startups, oferecendo não apenas apoio financeiro essencial, mas também capacitação intensiva para aprimorar suas estruturas organizacionais.
Em parceria com a Echos, um laboratório de inovação que apoia o programa desde sua primeira edição, o GNI Startups Lab oferece uma jornada de aprendizagem completa. Os participantes terão acesso a workshops, materiais de apoio, sessões de mentoria e uma semana de imersão presencial no escritório do Google em São Paulo. A programação visa aprofundar o conhecimento sobre o público-alvo, aprimorar a qualidade do conteúdo produzido – seja em texto, áudio ou vídeo – e explorar diversas formas de geração de receita.
As inscrições para esta edição já estão abertas e vão até o dia 2 de junho.
Detalhes dessa edição na entrevista de Natalia Mazotte, Gerente de Relações com a Indústria de Notícias no Google.
O GNI Startups Lab chega à 4ª edição e acumula experiências exitosas das edições anteriores. O que podemos esperar da jornada que está com inscrições abertas?
O Startups Lab é um programa pioneiro que nasceu no Brasil com o intuito de apoiar o empreendedorismo jornalístico. Toda a jornada é desenhada para estimular a inovação e fornecer métodos e ferramentas para que os participantes possam prosperar na era digital. Nesta edição, estamos focando em empreendedores que tenham iniciativas de jornalismo local, que informem suas comunidades de maneira atrativa e relevante.
As startups selecionadas podem esperar não apenas um apoio inicial para tirar o tempo necessário para participar e focar no desenvolvimento do seu negócio, mas também muito aprendizado e trocas valiosas com a comunidade que se forma ao longo do programa.
Vocês afirmam que essa iniciativa reflete completamente a missão da Google News Initiative do Brasil. Desse modo, o que tem de mais inspirador no mercado das startups nacionais que fazem vocês acreditarem nesse projeto mais uma vez?
O ecossistema jornalístico no Brasil cresceu e se diversificou muito nas últimas décadas, vimos nascer muitas iniciativas que atuam em coberturas de nicho ou de comunidades específicas. Entendemos que apoiar este ecossistema para que ele siga se ampliando e diversificando é uma das missões da Google News Initiative. E o Startups Lab é a melhor representação disso, aceleramos iniciativas em estágio inicial para que elas se fortaleçam e se desenvolvam com um potencial de sustentabilidade de longo prazo.
Nesta edição, temos o jornalismo local como foco da iniciativa. Na sua visão, qual o papel dessas organizações no ano de 2024 e para o futuro das comunidades que produzem e trabalham com informação?
Termos veículos cobrindo comunidades para além dos grandes centros urbanos brasileiros é essencial para o exercício da cidadania de forma ampla e também uma forma de se prevenir contra a desinformação. O jornalismo local cumpre um papel imprescindível ao dar voz aos cidadãos, cobrir assuntos que a mídia nacional nem sempre cobre e fortalecer o senso de identidade local. Já apoiamos a criação de outros projetos com o intuito de ampliar a presença do jornalismo local.
Nesta edição, podemos acrescentar o fato de estarmos chegando a mais um período de eleições municipais, no qual a relevância do jornalismo local se intensifica ainda mais. Nossa expectativa é que o programa deste ano selecione e apoie iniciativas que façam diferença na vida da audiência a que elas servem, promovendo tomadas de decisões bem informadas e conscientes.
Além do apoio financeiro, extremamente importante, o que de mais essencial será oferecido para o desenvolvimento das organizações contempladas?
Os selecionados recebem R$15 mil para participar, e podem concorrer a mais R$25 mil caso o pitch final da startup esteja entre os três mais bem avaliados. Mas eu costumo dizer que o maior valor do programa não está no apoio financeiro oferecido a cada startup, e sim no que elas levam de aprendizado para alavancar seus negócios de maneira sustentável e no longo prazo.
São oferecidos diversos workshops e mentorias com especialistas sobre temas como desenvolvimento de audiência, pensamento de produto, estruturação do modelo de negócios, gestão e elaboração da estratégia de marketing de crescimento. Estes aprendizados ainda são bastante escassos em cursos de jornalismo e é um desafio tocar uma organização de notícias sem eles.
Quais os impactos que vocês esperam, a partir do GNI Startups Lab, na qualidade do conteúdo jornalístico produzido pelas empresas participantes?
A gente acredita que o Startups Lab permite que os participantes deem um salto em termos de desenvolvimento de negócios e gestão. E isso impacta diretamente a capacidade dessas organizações de ter uma equipe jornalística melhor estruturada para produzir conteúdo de qualidade. Muitos jornalistas empreendem pensando que basta fazer o que já sabem para suas iniciativas deslancharem.
Mas a verdade é que o trabalho jornalístico acaba drenado por outras funções, especialmente se não houver estrutura e direcionamento no negócio. Eu senti isso na pele, quando fundei a Gênero e Número. Eu e minhas sócias, na época, tivemos que aprender funções novas muito rapidamente e redesenhar a forma como o time se organizava para que a iniciativa sobrevivesse. Adoraria ter passado por um startups lab nesta época.
Acreditam que isso pode beneficiar diretamente as comunidades locais atendidas por esses veículos de comunicação?
Sem dúvida. Temos muitos exemplos de veículos que passaram pelo Startups Lab e seguem sendo referências em produzir jornalismo de impacto para suas comunidades: Agência Bori, Núcleo Jornalismo, AzMina, Fiquem Sabendo, Ambiental Media, Reset, O Eco, Portal BlackFem e várias outras. Já são mais de 40 startups apoiadas nos últimos 3 anos, e a grande maioria continua fazendo um trabalho de excelência para informar suas comunidades.
A gente acompanha e fica super orgulhoso ao receber notícias como a da equipe do Mangue Jornalismo. Eles participaram da edição passada e nos escreveram contando que haviam implementado um Conselho de Interlocutores Externos, formado por leitores e leitoras que fazem o controle social das atividades jornalísticas no Mangue. É uma inovação no jornalismo de Sergipe e, em parte, resultado do que eles construíram ao longo do programa.
Como, então, os veículos locais e as startups de jornalismo podem se preparar para se inscrever no GNI Startups Lab 4ª edição? O que será avaliado?
A principal dica que eu dou é não deixar para a última hora. O formulário traz perguntas sobre a startup e seus fundadores, e pedimos também um vídeo simples (com o celular mesmo) da liderança da organização explicando a iniciativa. O que avaliamos é a capacidade e o interesse da equipe de participar do programa, o potencial de desenvolvimento da startup e o quanto ela se encaixa nas premissas do programa de produzir conteúdo jornalístico relevante para uma comunidade local.