Comemorado no dia 7 de novembro, o Dia do Radialista celebra não apenas os profissionais que estão à frente dos microfones, mas também a força de um meio de comunicação que, ao longo das décadas, construiu uma história de proximidade, agilidade e prestação de serviço no Brasil.
O rádio é um veículo que consegue conectar o país de norte a sul, sendo um dos meios de comunicação mais tradicionais e acessíveis, principalmente em um país de dimensões continentais. No Brasil, onde muitos veículos de mídia ainda enfrentam dificuldades para chegar a todos os lugares, o rádio ultrapassa barreiras físicas e culturais, levando informação e entretenimento e estando perto das comunidades.
Desde os anos 1940, quando a data começou a ser comemorada pela primeira vez, o radialista se consolidou como uma figura de proximidade e confiança para a população. Com o passar dos anos, a data passou a ser celebrada oficialmente em 7 de novembro, homenageando o músico e radialista Ary Barroso, que simboliza o poder do rádio em influenciar e conectar a cultura popular.
A conexão do rádio com o Brasil e suas comunidades
Em um país com tanta diversidade geográfica e cultural, o rádio se destaca pela capacidade de se comunicar diretamente com as realidades locais. E como manter isso em um cenário de digitalização?
O rádio é, muitas vezes, o único veículo que chega até as populações em comunidades com menos acesso a outros veículos. Nos chamados “desertos de notícias”, onde há escassez de veículos de comunicação locais, o rádio exerce um papel fundamental, levando informações sobre temas que afetam diretamente o cotidiano dos ouvintes, como política, saúde, segurança e educação.
Em relação a audiência, as estações de rádio mostram números impressionantes não só no Brasil, mas em países como os EUA e nos maiores mercados, conforme os dados da Nielsen acompanhados pelo tudoradio.com e publicados no site da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert).
Em setembro, 23 emissoras superaram a marca de 1 milhão de ouvintes em seis grandes regiões metropolitanas dos EUA: Nova York, Los Angeles, Chicago, Dallas, São Francisco e Houston. São números que indicam a relevância do rádio e sua atração de uma audiência significativa e diversificada em diferentes formatos e regiões.
Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, muitas rádios comunitárias brasileiras se mobilizaram para divulgar informações essenciais. Em episódios de emergência climática, como o ocorrido no Rio Grande do Sul (RS) neste ano, o rádio foi fundamental para que as informações chegassem rapidamente e com segurança para a população.
A digitalização do Rádio
A digitalização trouxe um novo fôlego para o rádio, que se adapta de forma notável às novas tecnologias. A forma como as pessoas consomem conteúdo mudou, e o rádio, ao acompanhar essa transformação, se reinventou.
Agora, com a transmissão online, as emissoras de rádio conseguem alcançar um público global, incluindo brasileiros que vivem no exterior e buscam se conectar às suas raízes. Além disso, plataformas de streaming, aplicativos de rádio e podcasts ampliam o alcance das emissoras, oferecendo conteúdos sob demanda e interação constante com o público por meio das redes sociais.
Isso se dá também por meio da integração de conteúdos desses veículos aos sites locais, conquistando diferentes audiências e se adaptando a cada plataforma. Assim, a digitalização permite que o rádio continue a desempenhar seu papel social, ao mesmo tempo em que se moderniza para atender novas formas de consumo de conteúdo.
Publicidade e sustentabilidade no rádio em meio aos desertos de notícias
A sustentabilidade financeira é um desafio constante para o rádio, especialmente para as emissoras locais e comunitárias, que dependem de publicidade regionalizada para se manterem. O rádio gera receitas essenciais, enquanto os anunciantes conseguem se comunicar diretamente com o público da região.
Com a digitalização, as rádios agora conseguem fornecer métricas detalhadas aos anunciantes, como número de ouvintes online, tempo de escuta e perfil demográfico, aumentando a transparência e favorecendo uma parceria mais vantajosa. Essa capacidade de apresentar resultados concretos aos anunciantes fortalece a viabilidade econômica do rádio, ao mesmo tempo em que contribui para a continuidade de seu papel no combate à desinformação.
Em relação ao conceito de “deserto de notícias”, este refere-se a áreas onde a ausência de veículos de comunicação locais prejudica o acesso da população à informação relevante sobre sua região. Em muitos desses locais, as rádios comunitárias e regionais são as únicas fontes de informação. Com uma abordagem direta e contextualizada, os radialistas abordam temas como obras públicas, transporte, saúde e eventos locais, promovendo uma sociedade mais informada e participativa.
O rádio, ao atuar como um agente de integração social e de fortalecimento da cidadania, facilita o acesso à informação e contribui para que comunidades muitas vezes isoladas possam dialogar e buscar soluções para seus problemas.
A digitalização, as parcerias com anunciantes e a capacidade de adaptação do rádio indicam um futuro promissor para o setor. Com os investimentos certos, a profissionalização e a valorização dos radialistas, o rádio pode se tornar ainda mais forte, enfrentando os desertos de notícias e garantindo o acesso à informação de qualidade. Para o Brasil, o rádio é mais que um simples meio de comunicação – é um patrimônio nacional que promove a integração e o desenvolvimento das comunidades.